domingo, 21 de dezembro de 2008

Nanotecnologia

Nanotecnologia e controle de resultados aliados no desenvolvimento sustentável -
16/12/2008Popularizada por Aquando Eric Drexler nos anos 80 para referir-se à construção de motores, robôs, computadores e outras máquinas em escala molecular, atualmente a nanotecnologia mostra bons avanços na produção de semicondutores, que podem ser relacionados à moda e ao meio ambiente.Essas pequenas peças são utilizadas em praticamente todos os dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos (lasers, leds, chips de computadores, celulares, DVD´s etc) hoje em dia, o que já vem apontando caminhos que poderão unir moda e tecnologia de uma forma ainda mais high-tech. Para Patricia Lustoza, professora de Engenharia Elétrica e coordenadora do Labsen (Laboratório de Semicondutores) da Puc-Rio, o desenvolvimento de semicondutores orgânicos (até agora são inorgânicos) os tornam flexíveis, com possibilidade de incorporar, em tecidos, dispositivos optoeletrônicos e eletrônicos baseados nesses materiais. "Podemos incorporar, por exemplo, células solares que podem gerar energia elétrica a partir da luz do sol. Poderíamos carregar celulares, iPods, etc, na roupa, ou uma calculadora incorporada no tecido", indica. Patrícia ainda sugere a utilização do tecido como um monitor de TV ou computador. "Poderíamos trocar a estampa como se troca o screen saver do computador. Imagine ficar passando um filme na sua camiseta! O problema que ainda resta é como lavar essa roupa". Mas segundo Naira Maria Balzaretti, diretora do Centro de Nanociência e Nanotecnologia da UFRGS, esse já não é um problema, ressaltando os bons resultados desse segmento em relação ao meio ambiente, inclusive a utilização da água.Para ela, a hidrofobicidade, propriedade de uma fibra têxtil não-absorvente rejeitar a água, é uma das principais pesquisas que estão sendo desenvolvidas e que pouparão os recursos hídricos do planeta. "Com o tecido possuindo partículas nano que repelem a água, no futuro não haveria a necessidade de lavar uma roupa. Acredito ser algo bastante comercial". Naira lembra que a nanotecnologia não é algo caro em relação ao valor agregado que se consegue. Outro exemplo foi dado em relação à criação de palmilhas térmicas para utilização em lugares onde faz muito frio. Nanoporos faz a vez de um isopor, evitando congelamento. A nanociência e nanotecnologia devem receber atenção das empresas, já que o ato de colocar átomos e moléculas no lugar desejado promete virar, a cada dia, uma nova revolução industrial, com importantes conseqüências econômicas, sociais, militares e também ambientais para o mundo. Cadeia sustentávelPara a engenheira florestal Maria Joana Valle é por meio da tecnologia em contraponto com métodos rústicos que a humanidade começa a se certificar que sua existência está diretamente ligada à natureza.Em uma vertente diferente e ao mesmo tempo complementar a das pesquisadoras citadas acima, ela chama a atenção para produtos florestais como sementes e fibras, além dos materiais de reaproveitamento ou descartados que deixam de interferir negativamente na paisagem, e passam a ter mil possibilidades de reutilização. Segundo ela, uma das vantagens de trabalhar com materiais de origem natural, ao contrário de dispositivos criados a partir da nanotecnologia, decorrem do fato de terem uma constituição pouco ortodoxa quando comparados com materiais sintéticos. Estes podem sofrer modificações em suas estruturas, como cortes, polimentos, desenhos, mudança na coloração, incrustações, entalhes. "Estas interferências podem nos permitir a criação de peças exclusivas e com diversidade de criação, agregando valor ao produto final", defende. A produção de madeira continua sendo uma importante função de muitas florestas, e a extração de produtos florestais não madeireiros está em alta, diz Maria Joana. "Apesar de serem amplamente utilizados hoje em dia, tanto para consumo in natura como para a indústria, pouco se conhece em relação à cadeia produtiva destes produtos", complementa. Incentivo ao consumo conscienteO posicionamento descrito acima é justamente o que a multinacional Wal-Mart tenta adotar, segundo Adriana Ramalho, diretora da área têxtil do Wal-Mart Brasil. "Neste ano, desenvolvemos vários produtos com fibras sustentáveis, como algodão orgânico e PET. Em outubro, a rede aderiu ao Fórum Amazônia Sustentável, que prevê o desenvolvimento de produtos da Amazônia, entre eles os da cadeia têxtil"..Além disso, Adriana afirma que o objetivo é incrementar o sortimento com muita intensidade para 2009. "A estratégia do Wal-Mart é liderar o mercado do varejo em sustentabilidade".Hoje, a rede possui uma estrutura de gestão de sustentabilidade com objetivos, metas e programas que seguem as diretrizes internacionais do Wal-Mart no mundo, como Impacto Zero, Construções Sustentáveis e com destaque para os pactos setoriais que o Wal-Mart é signatário.Atitudes sustentáveis devem ser combinadas a responsabilidade nas auditoriasEm 1996, um estudo intitulado "Does monitoring improve labor standards? Lessons from Nike" analisou mais de 800 fornecedores da Nike em 51 países e verificou que apenas o monitoramento das normas de conduta corporativas não leva à melhoria das condições de trabalho e direito do trabalho nas empresas. A globalização fez com que muitas multinacionais fossem taxadas como agentes de exploração (infantil, mão-de-obra barata, carga horária excessiva), gerando uma grande necessidade de que elas revertessem os comentários e criassem rapidamente auditorias não entendidas como resolutivas, mas meramente paliativas para garantir a reputação das empresas. Outra crítica do estudo apontou para a confiabilidade das auditorias realizadas por empresas que estão interessadas nos resultados ou por terceirizadas, como ONGs, que não têm como avaliar certos aspectos técnicos. Também uma grande diversidade dos códigos de conduta e os protocolos de auditoria e habilidades/experiências dos auditores são colocados em dúvida. Nesse último caso, alguns são especialistas em problemas do trabalho, outros são estudantes que apenas dominam determinada língua. Para melhorias são indicados o monitoramento combinado com intervenções focadas nas raízes do problema, como melhorar a habilidade dos fornecedores em definir calendário e melhorar eficiência e eficácia, resultando em condições de trabalho que melhoram significativamente. Outro dado importante se dá na necessidade de certificação de auditores externos por instituições reconhecidas.
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