quarta-feira, 27 de agosto de 2008

DUAS BOAS INDICAÇÕES DE FILMES...


Chega aos cinemas, um dos grandes filmes italianos do momento: Meu irmão é filho único, escrito e dirigido por Daniele Luchetti, legítimo herdeiro dos grandes mestres como Pietro Germi, Elio Petri e Luchino Visconti. Conta a história de dois irmãos que atravessaram os anos 60 e 70 em permanente conflito. Os dois são naturalmente revoltados, mas um se torna comunista, enquanto o outro, para se diferenciar, torna-se fascista militante. Este é na verdade o protagonista, porque é dele o retrato mais rico de personagem, ou seja, um rapaz de bom coração, bom caráter, mas de pavio muito curto, constantemente irritado e louco para entrar numa briga. É interpretado pelo emergente Elio Germano, de 28 anos que, pela baixa estatura, parece ainda adolescente e tem um talento de nível equivalente ao francês Mathieu Almaric. O roteiro oferece um olhar crítico e generoso sobre os anos 60 e chega a superar Bertolucci, que fez coisa parecida em Os Sonhadores. Simplesmenteporque também volta a atenção para os coadjuvantes da época, isto é, a família daqueles rebeldes da política estudantil: as namoradas, os amigos de infância e os pais. Em Meu irmão é filho único estes passam o filme todo pagando prestações, a espera de receber uma casa que o governo prometera há décadas. E que pode ser, como o diretor insinua, o verdadeiro motivo da revolta dos irmãos. Mas no filme há muito mais humor e observação social do que ironia.




O ESCAFANDRO E A BORBOLETA
É UMA PROPOSTA DE EDITORIAL DA TURMA SO MATUTINO

O escafandro e a borboleta venceu o Globo de Ouro 2008 de melhor filme estrangeiro e melhor diretor. Este é o americano Julian Schnabel que filmou a vida do pintor Basquiat em 96 e a do escritor cubano Reinaldo Arenas em 2001 e que, antes de dirigir, era um artista plástico de vanguarda. O filme chega aos cinemas, para confirmar sua competência na direção. Por aqui já se dizia que o mérito era na verdade do roteirista Ronald Harwood, que escreveu dois filmes recentes de Roman Polanski, O Pianista e Oliver Twist. O texto é realmente de primeira, mas as performances verdadeiramente impressionantes são mesmo do diretor e dos intérpretes: Emmanuelle Seigner, Max von Sydow e principalmente Mathieu Amalric. É que o filme se fundamenta na vida real de Jean-Dominic Bauby que foi diretor da revista Elle em Paris e, após um derrame, ficou totalmente paralisado, só conseguindo mexer um olho. Num lance de ousadia, a primeira meia hora do filme se resume à uma visão subjetiva do personagem que, depois do acidente, acorda no hospital inteiramente lúcido, mas incapaz de mover qualquer músculo, a não ser a pálpebra de um dos olhos. Na segunda parte, ele aprende a se comunicar com as pessoas apenas piscando aquele olho e, só aí, são incluídas seqüências retrospectivas em O escafandro e a borboleta. O livro em que baseia o filme foi inteiramente ditado por meio da pálpebra, que ele apelidou de borboleta.
FONTE > LUCIANO RAMOS
http://www.radarcultura.com.br

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